Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

24.1.05

Memórias

Segunda-feira de regresso laboral. Sobrevivi! ;o)
O dia acordou mto cinzento e nublado. As televisões falam da vaga de frio que aí vem; em certas cidades do Norte do país parece que as descidas vão até -10ºC (é possível sobreviver-se a isso?!?!?!). Brrrrrr!!!
Apesar de tudo o frio traz-me memórias; memórias boas... E eu gosto de memórias! Frio lembra-me a lareira acesa na casa dos meus avós maternos, com a panela de tripé a cozinhar uma comezaina qq. Lembra-me o crepitar da madeira e o cheiro a "lume" que ficava na roupa e na pele. Este cenário traz tb a minha avó. A minha Avó Aurora! Era a avó típica das histórias, de carrapito e lenço na cabeça. Sempre doce...
Mimava-me mto, com pequenas coisas que ela mesma fazia com o talento próprio da sabedoria empírica. No Inverno, fazia sempre bolos de erva doce em forma de meninos e meninas: menino p/ o Pedro, menina p/ a Marta. No Verão fazia as minhas delícias com uma roca feita de cerejas e rebuçados de fruta, com um cabinho de cana rachada. Hand made; eram maravilhosas aquelas rocas!
E deu-me tantas, tantas coisas boas! Pela mão dela (e do meu avô Alberto) andei de carroça, aprendi que o cardo "estraga" o leite p/ se fazer queijo fresco, aprendi a fazer flores de papel e rifas para a quermesse da festa da aldeia, fiz escamizadas e vindimas, vi nascer e alimentei uma panóplia de animais diferentes. Isto tudo e mais uma imensidão de coisas que me proporcionaram todos os momentos que passei com os meus avós na casa das Calçadas. Ficava aqui horas a fio a falar das minhas histórias, como a vez em que me escondi do padre no Compasso Pascal, para não beijar os pés do Menino :o). Com ela, aprendi sobretudo a sentir o amor incondicional que vem das pessoas naturalmente boas. Em todos os momentos...
Tenho saudades dela. Muitas. E gosto de acreditar que estará "nalgum" lugar, ainda a espreitar-me e a cuidar de mim à sua maneira.
Mtos beijos e mimos , 'Vó! M.