Amor Proibido?
Ballerina II - Miró
Às 09h30 lá estava eu de olhos postos no céu para testemunhar o amor proibido entre o sol e a lua. Aos poucos e sempre a medo, ela foi-se chegando a ele mais e mais, devagarinho, como quem não quer afungentar o amor. Uns minutos mais tarde admirava-o de perto, na plenitude que é possível a dois amantes que não se podem tocar. Sem lhe tirar o brilho e desprovida de pretensões, como convém a quem ama. Durante um bocado, ficaram por ali a cirandar e a trocar segredos para quem os quis ver. Depois, e tão devagar quanto chegou, a lua foi saindo subtilmente enquanto o sol lhe cantava:
"... Depois de te perder
te encontro concerteza.
Talvez no tempo da delicadeza
onde não diremos nada,
nada aconteceu.
Apenas seguirei, como encantado,
ao lado teu!"
(Chico Buarque)
A negação faz muitas vezes parte da despedida do amor e fecha a 7 chaves a oportunidade de viver um outro, pelo medo de novos amargos de boca. E cria fantasmas que lhe andam de mão dada e que impedem novas aproximações.
Às vezes acho que perdi a chave das portas que tranquei...
M.
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