Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

11.5.05

Ridiculamente Hilariante

Eu sei que é terrível, mas é terrivelmente bom dizer mal das pessoas (vulgo "cortar na casaca"), especialmente quando temos o alvo perfeito e quando o tipo de chacota não influencia negativamente o modus vivendum do chacoteado. Até porque, se é "cortar na casaca" é falar nas costas para regozijo próprio! Quero eu dizer, arranjando desculpas para esta minha atitude menos bonita, que ninguém se melindra.
Pronto, cá está uma confissão escrita de uma má atitude, eu sei. Mas desafio: "quem tem telhados de vidro, que atire a primeira pedra" (mas com jeitinho, boa?).
E esta conversa tem uma razão de ser; hj lembrei-me de uma pessoa que conheci há uns anos, quando andava na faculdade. Era aquilo a que podemos chamar "um cromo dos mais difíceis", daqueles que nem sequer conseguimos arranjar nos pacotes de batata frita. E era de tal forma surreal que nos demos (e digo "nos" pq há cúmplices nesta história...) ao trabalho de fazer uma lista das bacoradas que tal gente dizia, fosse nas aulas, alto e bom som, fosse em visitas de estudo pedagógicas. E claro está, aproveitando que já me justifiquei perante atitude tão feia, tenho que descrever alguns dos episódios mais hilariantes de tal pessoa. Vou, no entanto, escusar-me a dizer o nome desta personagem tão ao estilo dos "malucos do riso" e tratá-la por PESSOA.
Certa aula de Francês, falavamos acerca de monumentos e dos diversos estilos arquitectónicos, quando a professora puxando-nos pela língua, perguntou acerca de determinada característica do estilo muçulmano. A PESSOA, num quase histerismo e de dedo no ar, gritava (numa sala com 20 e tantas pessoas): "Eu sei professora, eu sei. São Minetes. Minetes!!!" (para q se esclareça, era Minaretes, de que se falava). Ficámos todos com o queixo nos joelhos a olhá-la...
De uma outra vez, numa aula de Economia (isso é que era pontaria) falávamos da Pirâmide de Maslow (tb conhecida como "das necessidades") quando o professor deu um exemplo em jeito de piada (era fraco de humor este professor...) falando da necessidade de afirmação social, trabalhando ou como "Almeidas" da Câmara ou como Bancários (e se houver alguém que não saiba, Almeida é o nome por que são conhecidos os senhores varredores de rua, ou do lixo), começámos na galhofa e escolhemos os "Almeida". Houve gargalhada geral (incluindo a PESSOA). No fim, uma amiguinha perguntou em sussurro e com jeito naïf: "O que são Almeidas?!". O sorriso da PESSOA desvaneceu-se, o cérebro parou durante segundos e no fim exclamou: "Oh! Que disparate! Almeidas são os homens que trabalham numa obra lá na Moita!!!". Eu e os meus cúmplices ficámos estarrecidos. E sacámos a listinha de notas em menos de nada...
Mas a cereja em cima do bolo foi quando, no regresso a Lisboa vindos de uma visita de estudo, estavamos espalhados por grupinhos (que habitualmente se estabelecem por empatia natural), a falar de tudo e de nada, quando de repente os nossos ouvidos ficaram à escuta; a PESSOA preparava-se para fazer uma revelação bombástica (percebemos pelo tom de voz enfatizado) a qual jamais poderiamos perder. Ficámos a ouvir com atenção enquanto ela dizia com um ar de verdade absoluta: "Sim, porque as mulheres, hã, as mulheres não têm orgasmos múltiplos.". Nesse momento estremecemos... E a PESSOA continuou: "Não! Têm o primeiro e o que sentem a seguir SÃO CÓLICAS!". O quêêêêê?!?!?!?!?!?! :oDDDDDD.
E por hj chega de rir à custa dos outros. Mas lá que era ridiculamente hilariante, lá isso era! Bons tempos!
Bjs, M.