A Entrega
Mtas vezes passamos momentos da vida em que mtos pedaços de tempo se inundam de vontades; vontades que nem sempre depende de nós concretizar. E vamos andando, às vezes sofridos como se carregassemos o mundo às costas (viva o dramalhão!).
Se estamos sós e queremos voltar a ser felizes numa nova relação (porque suponho que se pode ser feliz com outras coisas que preencham de igual forma a vida, não sei bem...), sonhamos com o momento em que, sem mas nem porquê, nos vai aparecer de onde menos esperamos, alguém que nos encha a vida de cores (primárias e/ou secundárias). E a vida vai seguindo, com salpicos de uma série de coisas que nos vão enchendo o peito. E os amigos... fazem as histórias dos momentos, são fantásticos, não se consegue viver sem, transportamos para eles toda a energia, as alegrias, os choros, os medos e as incertezas, ao mesmo tempo que bebemos deles tudo o que nos dão ou que conseguimos reter, qual corpo ressacado. Mas não chega. Nunca chega...
E um dia de onde menos se espera, começamos a perceber pistas do que pode ser o que procurávamos. Não ligamos mto, achamos q é ilusão ou algum deslumbramento, apesar de as coisas se irem clarificando mais e mais. Resistimos. Tentamo-nos convencer de que nascemos para sofrer e não nos permitimos a entrega ao que poderá ser uma possível história (ainda que com princípio, meio e fim...) de coisas boas.
A entrega... A entrega às vezes ganha no meu pensamento a forma de um pântano de areias movediças com vida própria; olhos e boca de sorriso rasgado, de braços abertos, aliciante mas assustadora...
Depois acontece, mas nunca é a 100%. Parte é sempre salvaguardada em nós até que quem recebe seja suficientemente paciente e obstinado para se lançar numa viagem de conquista pelo que falta; assim uma espécie de Don Quixote. Às vezes calha que nos saia na rifa o fiel escudeiro, com burro e pança e tudo... ;o)
M.
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