Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

29.3.06

No meu Tempo

Reparei hoje num anúncio de uma operadora telefónica a um tarifário xpto para os paizinhos não se preocuparem com gastos excessivos de telefone. No anúncio, aparecem umas quantas miúdas adolescentes, a telefonarem umas para as outras para contar que fulana-de-tal comprou umas purpurinas e que o não-sei-quantos anda a galar a sicrana-xis.
Não que eu queira estar para aqui com conversa de velha retrógada que já se esqueceu do que é ser adolescente, mas "no meu tempo" (frase chavão que vem no Manual da Idade Adulta, essa grande publicação!), se queriamos falar das futilidades próprias da idade esperávamos pelo dia a seguir para contar na escola (algumas de nós fomos à escola, sim?) e uma conta telefónica fora do que era normal dava logo direito a uma conversinha-de-pé-de-orelha menos agradável. Então e agora vem esta gente incentivar a miudagem, como quem diz: "liguem lá em catadupa do fixo para o móvel das amiguinhas para falar das compras, que os paizinhos depois pagam"?!?! Não me parece nada um bom precedente...
E ainda, "no meu tempo", quando os pais ainda cá viviam, era muito mais fácil contornar o problema do esquentador que se desligava a meio do merecido banho de fim-de-dia.
Agora, olha, toca a sair da banheira, cabelo cheio de amaciador para chegar a uma cozinha alagada com água que saía do próprio aparelho e tentar terminar um banho difícil. Quem tem paizinhos, tem tudo... ;o)
M.