Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

25.3.06

Há Noites...

... em que me apercebo de como sou verdadeiramente. Ou não; ao contrário, talvez tenha uma imagem deturpada de mim.
Há noites em que me sento para escrever o que tenho a veleidade de achar engraçado na quimera de saber o que não sei. E enquanto os minutos vão passados ausentes de conteúdo, vou percebendo que talvez não passe de uma armada-em-pseudo-interessante. Algumas vezes, quando não tenho nada para contar, escrevo uns poemas de autores de quem gosto para enganar o espírito. Cai sempre bem. Dá ideia que sou uma grande entendida ou conhecedora de poesia.
Às vezes, alimentam-me as utopias. Eu cá vou seguindo agarrando-me com unhas e dentes a estas pessoas que não admito que me digam que não são minhas. E tenho medo de não lhes estar à altura; medo que percebam que não lhes faço falta. Porque estas pessoas são na minha vida mais do que apenas iniciais que escrevo uma ou outra vez. E sinto-lhes a falta porque me dão muito de tudo. Tenho saudades das Patrícias, Antónias e Gonçalos. Dos Paulos. Das Mafaldas, das Giselas, das Ritas, das Anas e dos Jorges. Das Elianas e dos Andrés. Das Nocas, Marias e Antónios. E de outros tantos nomes...
"Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas...
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que são só iguais
À mais longínqua onda do teu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo..."
Natália Correia
Há noites assim.
M.