Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

14.10.05

Exigências

Ainda a propósito de relações pessoais (que aqui neste canto muito se escreve acerca disso), há uns meses atrás falava com uma pessoa acerca das exigências próprias que chegam com a idade e que cada pessoa encerra em si, nomeadamente no que diz respeito à partilha de um espaço, de corpos, de momentos, de ideias, de vontades, de objectivos e de tantas outras coisas próprias de quem se quer em pleno.
Há pouco tempo, e em circunstâncias diferentes, esta conversa voltou a fazer-se. E sempre que surge, traz agarradas uma série de contradições: podemos exigir aquilo que não podemos dar? E se a outra pessoa exigir o mesmo que nós? Se não podemos dar quer isso dizer que então a outra pessoa nunca vai poder ser nossa, ainda que se encontre dentro dos parâmetros, às vezes utópicos, que estabelecemos?
E como é que descobrimos onde começa e termina a linha (quase sempre ténue) entre o que é ser exigente ou tornar-se intransigente? Devemos resignar-nos a estar com alguém que não nos "toca nos pontos certos" (a todos os níveis) mas que por outro lado não nos trata mal?
E a química? Devemos interpretar-lhe os sinais? Devemos apenas senti-la institivamente? Será que a química pode adivinhar a compatibilidade com alguém ou é apenas uma atrevida que espicaça os sentidos sem trazer respostas?
A conclusão fundamental a que cheguei foi que nada nestas questões é linear, porque cada pessoa enquanto indivíduo tem ideais, prioridades e valores diferentes entre si. Exemplo disso? Uma amiga cujo o namorado ressona como se fosse um martelo pneumático nas obras do Túnel do Marquês; o que para mim é absolutamente intolerável (bem sei que a pessoa não tem culpa de ressonar, mas eu tb não tenho...) para ela revela-se perfeitamente contornável. Adormece antes dele...
Acho que nos resta estabelecer prioridades, como numa lista de compras para a casa, se é que é possível pôr as coisas nesses termos.
Pelo sim, pelo não, a minha lista é esta (prioridades aleatórias):
Humor inteligente; Cabeça saudável; Facilidade de comunicação; Respeito; Mãos bonitas (as mãos são o fascínio, o "cabo dos trabalhos", não me perguntem porquê...); Olhos pestanudos; Uma boca cheia de sex-appeal; Discurso cool; Paciência em doses industriais; Demonstrações gratuitas de carinho...
Esta lista fica em aberto. Quando me lembrar de mais items, escreverei acerca.
M.