Já s'acabou!
Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade
Este fim-de-semana acabaram-se o Sant'António e 3 vidas de gente com feitos (re)conhecidos. Sei que este post não será concerteza original, mas se algum dia me servir como uma espécie de diário de memórias, lembrar-me-ei do dia em que morreram Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade (não que o General Vasco Gonçalves não seja um ponto de referência no governo provisório, mas a sua imagem não me era tão presente). Ao primeiro, e sem qualquer tipo de ideologia política (percebo muito pouco disso) reconheço-lhe a importância que teve na história pró e pós 25 de Abril e o talento para escrever (sob o pseudónimo de Manuel Tiago, como me ensinou o meu amigo P.) e para desenhar. Lembro de em miúda (mal sabia que eram dele as ilustrações) achar muita piada aos "desenhos" no "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes. Ao segundo, reconheço-lhe o talento (aos meus olhos pelo menos) de mexer nas palavras de uma forma que me provoca sempre uma sensação boa quando lhe leio algum dos poemas. E ontem lá consegui juntar para a soirée Santantonina, 11 festeiros oriundos de meios diferentes. Ao que parece, deram-se todos bastante bem e o ambiente reinou em grande pela noite fora. Houve direito a febra, pão com chouriço, sangria, multidão e cantata em uníssono do "Amanhã de Manhã" das saudosas DOCE. Só não entendo é o porquê de não haver mais "musicall" popular; e quando digo popular, não digo pimba, que fique registada a diferença; falo nas marchinhas tradicionais de Lisboa. Em vez disso ouvimos mais brasileirada a cada ano, como se a Ivete Sangalo alguma vez na vida dela tivesse andado a subir e descer as escadinhas de São Miguel em noite de festa rija!!! Quem por lá andava agarradíssima ao seu "Manel Maria", era a Senhorita Guimarães, já "contente" (ou não tivesse o Santo António sido generoso com ela!). Agora, que venha o balão e o alho porro já que este ano, mais uma vez, falhei o Santo (logo este ano que a minha intenção era acertar-lhe com a moeda na testa!).
"A boca,
onde o fogo de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera (que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.
Levar-te à boca,
beber a água mais funda
do teu ser se a luz é tanta,
como se pode morrer?"
Eugénio de Andrade
Beijos, M.
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