Regressada
Estou regressada de um fim-de-semana cheio de coisas, de sentimentos que me enchem, como já vem sendo hábito. Sou muito festeira. Esta coisa do que me traz viva corre-nos nas veias. É genético e incontornável. Dá na vertente feminina e masculina da família; uma família de artistas, dançarinos, tocadores de música. Contadores de histórias, divertidos e com sede de vida. Depois a terra traz-me as memórias olfactivas que ninguém pode roubar-me. São minhas e enchem-me de saudades. Como diria o poeta, quando lá estou sou toda sentidos. A aldeia está diferente; algumas coisas modernas já lhe chegaram. Ferreira está agora a 10 minutos de carro, a par tão perto e tão longe de mim; mais perto do que há muito não estava mas tão mais longe do que eu gostaria. Seja como fôr, retomei-lhe o gosto. E vou voltar.
"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."
Alberto Caeiro
M.
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