Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

17.5.06

Omessa...

Ou "As Coisas que Descubro".
Gosto muito de flores bulbosas (sendo que a túlipa é uma das minhas flores preferidas) e há já imenso tempo que queria ter em casa um Jacinto; são relativamente fáceis de manter e dão uma flor decorativa muito bonita. Como o Google é como as farmácias - há de tudo - estive a pesquisar acerca da planta, cultivo, sol, humidade necessária, etc.. Eis senão quando, dei com a ligação do nome da planta à mitologia grega e descobri a grande carga homossexual da rapaziada do Olimpo. Vejamos:
Jacinto, filho do Rei de Esparta, foi o grande amor de Apolo, filho de Zeus. Encontravam-se muitas vezes junto do Rio Eurotas para (e transcrevo na versão original) "... delight in boyish pleasures...". Apolo levava Jacinto para a montanha, para caçar ou praticar ginástica (alguma semelhança com Brokeback é pura coincidência ). Fascinado, Apolo deu amor incondicional a Jacinto esquecendo-se de que ele era um mero mortal. Acontece aqui o triângulo amoroso e a desgraça passional. Parece que também Zéfiro - Deus do Vento Oeste - gostava do moço de caracóis. Ora um dia, estavam Apolo e Jacinto na rambóia, besuntados em azeite (...?!...), a praticar lançamento de disco, quando Zéfiro arreliado estragou a brincadeira. Fazendo soprar um vento forte, fez com que um dos discos atingisse Jacinto na cabeça, tombando-o mortalmente. Desesperado, Apolo gritou (mais uma vez em versão original): «Death has taken you in his claws, beloved friend! Woe, for by my own hand you have died. And yet its crime was meeting yours at play. Was that a crime? Or was my love to blame - the guilt that follows love that loves too much? Oh, if only I could pay for my deed by joining you in your journey to the cheerless realms of the dead. Oh, why am I cursed to live forever? Why can't I follow you?» (dramático, parece-me...). O coitado segurou o seu amor junto ao peito e jurou que jamais o esqueceria. Às suas palavras, quando as suas lágrimas se fundiram com o sangue da ferida de Jacinto e cairam no chão, uma flôr vermelha surgiu. Chamaram-lhe Jacinto.
E esta?!?!
Gostei da representação que encontrei, de Jean Broc:

É bonito. E engraçado é que a flôr parece mesmo uns caracóis pequenos... :)
M.