Histórias

"(...) O pior que há para a sensibilidade é pensarmos nela, e não com ela. Enquanto me desconheci ridículo, pude ter sonhos em grande escala. Hoje que sei quem sou, só me restam os sonhos que delibero ter. (...)" - Fernando Pessoa

26.6.07

S.A.P.

Hoje tive a infelicidade de me render às evidências e de ter que ir ao S.A.P. (que agora parece que tem outro nome que eu não me recordo, mas vai tudo dar ao mesmo... ), por causa de uma inflamação. Escolhi o centro de saúde para evitar atafulhar ainda mais as urgências do "meu" hospital e, porque afinal de contas, ainda conseguia falar e conduzir, por isso não era assim tão grave. Mas cada vez que lá vou, venho de lá mais "doente" do que o que fui. E baixa-se-me um espírito ruim que me rebenta as bolas de adrenalina nervítica ainda com mais força do que o costume.
A saga começou logo na empregada do pseudo-guichet, um real estrupício de género dúbio que não entendeu a frase "boa noite", mesmo quando repetida 2 vezes. Depois, um dos três médicos de serviço resolveu ir sentar o seu real rabinho a ver o telejornal, interessadíssimo na inauguração do Berardo, enquanto na sala de espera eu e mais umas quantas pessoas esperavamos atendimento. Entretanto chamaram o meu nome e eu entrei na sala.
Tal como me acontece no hipermercado onde me calha sempre a fila errada, do caixa que é estagiário e onde a senhora à minha frente não quer ir-embora-sem-levar-as-cuecas-sem-preço-que-alguém-demora-eternidades-a-descobrir, também ali me calhou (creio) a pior do trio maravilha. Perguntou-me de que me queixava e enquanto eu, prontamente, lhe explicava, ela escrevia ou lia uma sms e atendia um telefonema sem sequer um "dê-me só um momento, desculpe". Ou seja, cagari cagaró para o meu queixume. Calei-me para não importunar a chamada e, finda, repeti a queixa. Olhou-me a garganta e disse:
- De facto isso está inflamadíssimo! Toma a pílula?
Hum?!?!?
- É que vou passar-lhe antibiótico e não queremos ter bebés agora, não é?
Comment?!?!??!?!
Obviamente não respondi, que já me íam faltando as forças e a paciência para me debater com a energúmena. Saí com a minha receita, aviei-me na farmácia mais próxima e voltei para casa.
E assim vai o nosso Serviço de Atendimento Paupérrimo.
M.