A ver se a gente s'entende
Tenho lido pela blogosfera muitos textos pró SIM pela IVG; textos muito bem escritos cujas as palavras se encaixam umas nas outras, em frases perfeitas que eu gostaria de ter sabido como escrever.
De todos os modos, também queria ter alguma coisa a dizer (coisa feia, a inveja!!!).
Quer-me parecer que anda por aí muita gente baralhada no que diz respeito ao propósito do referendo.
A facção NÃO argumenta com moralidade (alguma dela falsa, creio eu. Queria eu ver qual a atitude de um senhordoutoraiJesusquesemapagaluz caso a sua pérolazinhapseudoperfeitaládecasa engravidasse assim no calor primaveril do xicozéquevendalfacesalinamercearia [sem nenhum desprimor para o xicozé]. "Estioy? Estiay lá, si? Habla de la clínica Los Arcos? Pues olhe, es lo seguiente..."). Isso irrita-me.
Cada um sabe de si e terá que conviver para o resto da vida com as consequências psicológicas (e às vezes físicas) das suas atitudes. Ninguém, e repito NIN-GUÉM, faz um aborto como se fizesse Ctrl-Alt-Del para terminar um programa que não responde.
Quem, pelos seus valores mais arraigados, jura a pés juntos já com o fio de ranhoca a escorrer-lhe pelo nariz, que nunca faria um aborto, continua a ser livre de optar por não o fazer e até por não se dar com gente desse calibre que é capaz de tal façanha.
Não se deve é "cortar as pernas" a quem, por motivos pessoais que só a si dizem respeito, resolve enfrentar uma situação dolorosa como essa. Deve sim permitir-se que quem toma essa decisão o possa fazer sem ir parar à prisão (até porque as cadeias saem caro, são pagas pelos contribuintes e quem lá deve estar anda por aí a gozar ao sol de Inverno) e com as condições de saúde necessárias a uma recuperação o menos traumática possível.
A questão não é moral. É, quanto mais não seja, de saúde pública.
Entenda-se o seguinte: ser a favor da despenalização do aborto não é o mesmo que ser a favor do aborto. Ok?!?!?!?!?!
Vamos lá ver se a gente s'entende.
M.
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